Ações terapêuticas.
Antiviral contra o HIV.
Propriedades.
É um análogo de nucleosídeo, inibidor da transcriptase reversa, que possui ação antiviral seletiva contra o HIV-1 e o HIV-2, incluindo isolados de HIV-1 resistentes à zidovudina, lamivudina, zalcitabina, didanosina e nevirapina. O mecanismo de ação em relação ao HIV consiste na inibição de enzima transcriptase reversa do HIV, o que acarreta terminação da cadeia de ácido nucleico e interrupção do ciclo de replicação viral. O abacavir mostrou sinergismo in vitro em combinação com a zidovudina e a nevirapina, porém não demonstrou ser aditivo em combinação com lamivudina, didanosina, zalcitabina e estavudina. A resistência do vírus ao abacavir desenvolve-se de modo relativamente lento tanto in vitro como in vivo, sendo necessárias múltiplas mutações para conseguir um incremento da ordem de 8 vezes da IC50 sobre o vírus de tipo selvagem, o qual pode ser de um nível clinicamente importante. Os isolados resistentes ao abacavir podem mostrar também uma sensibilidade reduzida à lamivudina, zalcitabina ou didanosina, porém permanecem sensíveis à zidovudina e estavudina. O abacavir penetra no líquido cefalarroquidiano (LCR) e foi demonstrado que reduz os níveis de RNA do HIV-1 nesse compartimento. Em combinação com outros agentes antirretrovirais, pode desempenhar um papel relevante na prevenção de complicações neurológicas relacionadas ao HIV, diminuindo a velocidade do desenvolvimento de sua resistência. O abacavir é bem e rapidamente absorvido após administração oral. Sua biodisponibilidade oral absoluta em adultos é de cerca de 83%. Os alimentos retardaram a absorção e diminuíram a Cmáx, porém não afetaram as concentrações no plasma (AUC). Estudos realizados em pacientes infectados com HIV demonstraram boa penetração do LCR, apresentando uma relação LCR/AUC plasmática entre 30% e 44%. O abacavir une-se de forma apenas moderada (aproximadamente 50%) a proteínas plasmáticas, o que sugere ser pequena a probabilidade de interações medicamentosas por deslocamento da união a proteínas plasmáticas. O abacavir é metabolizado principalmente no fígado, sendo que menos de 2% da dose administrada é eliminada por via renal na forma de composto inalterado. As principais vias metabólicas são a do álcool-desidrogenase e por glicuronidação para produzir o ácido 5' -carboxílico e o ácido 5' - glicurônico, que representam cerca de 66% da dose na urina. Tem uma meia-vida de aproximadamente 1,5 horas e não se acumula após doses múltiplas de 300 mg duas vezes ao dia. A eliminação ocorre após metabolismo hepático e a posterior aparição de metabólitos principalmente por via urinária. Os metabólitos e o abacavir inalterado representam cerca de 83% da dose administrada de abacavir na urina, sendo o restante eliminado nas fezes.
Indicações.
Infecções pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) em adultos e crianças.
Posologia.
Adultos e adolescentes com mais de 12 anos: 300 mg duas vezes ao dia. Crianças de 3 meses até 12 anos: 8 mg/kg duas vezes ao dia, até um máximo de 600 mg diários.
Superdosagem.
Não existe antídoto conhecido. Doses de até 1.800 mg já foram administradas sem que houvesse reações adversas inesperadas.
Reações adversas.
As reações adversas comunicadas durante o tratamento da enfermidade por HIV com abacavir foram similares em adultos ou em crianças. Em muitos desses efeitos, não ficou esclarecido se estavam diretamente relacionados ao abacavir em função da grande quantidade de fármacos empregados no tratamento da enfermidade causada pelo HIV, ou se eram consequência do processo mórbido em si. Os seguintes efeitos provavelmente estejam relacionados ao fármaco: náuseas, vômitos, letargia, fadiga, febre, cefaleia, diarreia e anorexia. Em geral as reações adversas foram de caráter passageiro e não limitantes do tratamento. Hipersensibilidade: aproximadamente 5% dos pacientes que receberam abacavir desenvolveram um reação de hipersensibilidade. Em geral os sintomas aparecem nas primeiras 6 semanas e frequentemente se caracterizaram por febre, sintomas gastrintestinais (náuseas, vômitos, diarreias, dores abdominais), rash cutâneo e letargia ou mal-estar. Outros sintomas podem compreender mialgia, artralgias, edema e parestesia. O exame físico pode revelar linfadenopatia e, ocasionalmente, lesões das membranas mucosas (conjuntivite e ulcerações da mucosa bucal) e hipotensão. As alterações em exames laboratoriais incluem elevação dos valores das provas da função hepática ou da creatinofosfoquinase, ou linfopenia.
Precauções.
Aproximadamente 5% dos pacientes tratados desenvolvem reações de hipersensibilidade. Deve-se interromper o tratamento caso os níveis das transaminases se elevem rapidamente e no caso de apresentar-se hepatomegalia progressiva ou acidose metabólica/lática de etiologia desconhecida. Carcinogênese: o abacavir não se mostrou mutagênico. Gravidez e amamentação: não está demonstrada a segurança do fármaco nestas situações.
Interações.
Os estudos clínicos demostraram que não há interações clinicamente significativas entre abacavir, zidovudina e lamivudina. O metabolismo do abacavir é alterado pela administração concomitante de álcool, produzindo-se um aumento de aproximadamente 41% na área sob a curva (AUC) em gráficos de concentração plasmática versus tempo.
Contraindicações.
Hipersensibilidade conhecida ao abacavir.