Ações terapêuticas.
Corticosteróide. Antiinflamatório esteróide. Imunossupressor.
Propriedades.
Difunde-se através das membranas celulares e forma complexos com receptores citoplasmáticos específicos; estes complexos penetram no núcleo da célula, unem-se ao DNA (cromatina) e estimulam a transcrição do mRNA e a posterior síntese de várias enzimas, que são as responsáveis, em última instância, pelos efeitos corticosteróides sistêmicos. Mesmo assim, estes agentes podem suprimir a transcrição do mRNA em algumas células (por exemplo, linfócitos). Diminui ou previne as respostas do tecido aos processos inflamatórios, o que reduz os sintomas da inflamação sem tratar a causa subjacente. Inibe o acúmulo de células inflamatórias, inclusive os macrófagos e os leucócitos, nas zonas de inflamação. Também inibe a fagocitose, a liberação de enzimas lisossômicas, e a síntese e liberação de diversos mediadores químicos da inflamação. Os mecanismos da ação imunossupressora não são conhecidos por completo, mas podem implicar na supressão ou prevenção das reações imunes mediadas por células (hipersensibilidade tardia), assim como ações mais específicas que afetem a resposta imune.Por via oral, absorve-se de forma rápida e quase completamente, e por via parenteral (IV-IM) o começo da ação é rápido, obtendo-se o efeito máximo em 1 hora. Sua união às proteínas é muito alta. A maior parte do fármaco metaboliza-se principalmente no fígado a metabólitos inativos. Elimina-se por metabolismo, seguido de excreção renal de seus metabólitos ativos.
Indicações.
Insuficiência adrenocortical aguda ou primária crônica, síndrome adrenogenital, doenças alérgicas, doenças do colágeno, anemia hemolítica adquirida, anemia hipoplástica congênita, trombocitopenia secundária em adultos, doenças reumáticas, doenças oftálmicas, tratamento do choque. Doenças respiratórias, neoplásicas (manejo paliativo de leucemias e linfomas em adultos, e de leucemia aguda na infância), estados edematosos, doenças gastrintestinais (para ajudar o paciente a superar períodos críticos em colite ulcerativa e enterite regional), triquinose com compromisso do miocárdio.
Posologia.
Adultos comprimidos/suspensão oral: 20 a 240mg/dia em dose única ou dividida em várias ingestões. Doses pediátricas insuficiência adrenocortical: 0,56mg/kg/dia ou 15 a 20mg/m 2/dia. Em crianças, a dose é determinada mais em função da gravidade do estado e da resposta do paciente do que pela idade ou peso corporal. Forma parenteral IM em adultos: 15 a 240mg/dia. Doses pediátricas: insuficiência adrenocortical IM, 0,56 mg/kg/dia. Outras indicações: IM, 0,66 a 4mg/kg a cada 12 ou 24 horas. Adultos: injeção intra-articular, 5 a 75mg a cada 2 ou 3 semanas.
Reações adversas.
O risco de que sejam provocadas reações adversas com doses farmacológicas aumenta com a duração do tratamento ou com a freqüência da administração, e em menor grau com a dose. A administração local reduz, mas não elimina, o risco de efeitos sistêmicos. Requerem atenção médica se forem provocados durante o uso prolongado: úlcera péptica, pancreatite, acne ou problemas cutâneos, síndrome de Cushing, arritmias, alterações do ciclo menstrual, debilidade muscular, náuseas ou vômitos, estrias avermelhadas, hematomas não-habituais, feridas que não cicatrizam. São de incidência menos freqüente: visão turva ou diminuída, diminuição do crescimento em crianças e adolescentes, aumento da sede, incômodo, queimação, adormecimento, dor ou formigamento perto do local da injeção, alucinações, depressões ou outras mudanças do estado anímico, hipotensão, urticária, sensação de falta de ar, rubor no rosto ou bochechas.
Precauções.
Não é recomendável a administração de vacinas de vírus vivos a pacientes que recebem doses farmacológicas de corticóides, dado que a reprodução dos vírus da vacina pode potenciar-se. Pode ser necessário aumentar a ingestão de proteínas durante o tratamento a longo prazo. É recomendável manter a articulação em repouso após a injeção intra-articular. Durante o tratamento, aumenta o risco de infecção e, em pacientes pediátricos ou geriátricos, o de efeitos adversos. É recomendável a administração de dose mínima eficaz durante o tratamento mais curto possível. Não é recomendável a injeção na articulação onde tenha havido ou esteja em andamento uma infecção. É muito provável que os pacientes de idade avançada em tratamento com corticóides desenvolvam hipertensão. Além disso, os idosos, principalmente mulheres, são mais propensos a apresentar osteoporose induzida por corticóides.
Interações.
O uso simultâneo com paracetamol aumenta a formação de um metabólito hepatotóxico deste, portanto aumenta o risco de hepatotoxicidade. O uso com analgésicos não-esteróides (AINE) pode aumentar o risco de úlcera ou hemorragia gastrintestinal. A anfotericina-B com corticóides pode provocar hipocalemia grave. O risco de edema pode aumentar com o uso simultâneo de andrógenos ou esteróides anabólitos. Diminui os efeitos dos anticoagulantes derivados da cumarina, heparina, estreptoquinase ou uroquinase. Os antidepressivos tricíclicos não aliviam e podem exacerbar as perturbações mentais induzidas pelos corticóides. Podem aumentar a concentração de glicose no sangue, razão pela qual será necessário adequar a dose de insulina ou de hipoglicemiantes orais. As mudanças no estado tireóideo do paciente ou nas doses de hormônio tireóideo (quando em tratamento com este) podem requerer um ajuste na dose de corticosteróides, dado que no hipotireoidismo o metabolismo dos corticóides é diminuído e no hipertireoidismo é aumentado. Os anticoncepcionais orais ou estrogênios aumentam a meia-vida dos corticóides e, por isso, seus efeitos tóxicos.Os glicosídeos digitálicos aumentam o risco de arritmias. O uso de outros imunopressores com doses imunopressoras de corticóides pode aumentar o risco de infecção e a possibilidade de desenvolvimento de linfomas e outros distúrbios linfoproliferativos. Podem acelerar o metabolismo da mexiletina com diminuição de sua concentração no plasma.
Contra-indicações.
Para injeção intra-articular: anterior à artroplastina articular, transtornos da coagulação sangüínea, fratura intra-ocular, articulação instável. Infecção fúngica sistêmica. Hipersensibilidade aos componentes. Para todas as indicações deve-se avaliar a relação risco-benefício em presença de AIDS, cardiopatia, insuficiência cardíaca congestiva, hipertensão, diabetes mellitus, glaucoma de ângulo aberto, disfunção hepática, miastenia gravis, hipertireoidismo, osteoporose, lúpus eritematoso, TBC ativa, disfunção renal severa.